sexta-feira, 8 de julho de 2011

Mapeamento da via Láctea

A Agência Espacial Europeia (ESA) prepara-se para cartografar a Via Láctea com a maior câmara digital alguma vez construída. Composta por 106 detectores electrónicos, esta matriz com mil milhões de pixéis irá formar o «olho» de alta sensibilidade da missão Gaia. O lançamento está previsto para 2013.
A partir de 2013 e durante os cinco anos, a missão vai estudar mil milhões de estrelas dentro da Via Láctea e nas galáxias vizinhas. Será criado um catálogo único no qual estará especificado o brilho, as características espectrais e a posição e o deslocamento tridimensional de cada objecto observado, o que ajudará a revelar a composição, formação e evolução da Via Láctea.
Para estudar as estrelas mais distantes, cujo brilho é um milhão de vezes inferior ao que o olho humano é capaz de detectar, Gaia conta com um detector formado por 106 CCDs, uma versão avançada dos sensores das câmaras digitais convencionais.
Estes foram desenvolvidos pela empresa e2v Technologies, de Chelmsford, Reino Unido. Com uma forma rectangular, cada um dos sensores é ligeiramente mais pequeno do que um cartão de crédito e mais fino do que um cabelo humano. O plano focal, formado por um mosaico de CCDs de 0.5x1.0 m, foi montado nas instalações do contratante principal da missão, a Astrium France, em Toulouse.
Entre Maio e Junho, os técnicos fixaram os sensores na estrutura de suporte. “A montagem e o alinhamento preciso dos 106 CCDs é um passo crucial na montagem do plano focal do modelo de voo do Gaia”, explica Philippe Garé, responsável pela carga útil do Gaia.
A matriz principal é formada por 102 sensores dedicados à detecção de estrelas. Os outros quatro servem para comprovar a qualidade da imagem em cada um dos dois telescópios e para controlar a estabilidade do ângulo. Este tem como finalidade criar imagens tridimensionais das estrelas.
Para aumentar a sensibilidade dos sensores, o satélite manterá a sua temperatura a -110 graus centígrados. A estrutura de suporte dos CCDs, tal como grande parte do satélite, é feita de carbeto de silício, material resistente às deformações provocadas por mudanças de temperatura.
O Gaia vai operar a um milhão de quilómetros da Terra em direcção oposta ao Sol, onde o movimento orbital do nosso planeta equilibra as forças gravitacionais, criando um ponto de estabilidade no espaço.
Além das estrelas, estudará também outros corpos celestes, desde os pequenos objectos do Sistema Solar aos distantes quasares e galáxias, próximo dos limites do Universo observável.
(in CiênciaHoje)

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